26 de fevereiro de 2012

Mensagens idiotas do Facebook 1

Como disse no outro post, por vários motivos estou farto do Facebook. Um desses motivos é, ao fazer o login, todas as vezes dar de cara com uma mensagem (sentimental, apelativa, religiosa) cretina que me faz querer cortar os pulsos. Meu desgosto não é com a mensagem em si, que é uma cretinice, mas com a demência falta de percepção das pessoas em propagar e multiplicar a cretinice com curtições e compartilhamentos. A mensagem que vi hoje quando entrei pra ver se alguém me chamara, me indignou a ponto de eu resolver abrir aqui mais uma seção, e faço isso com ela:

MENSAGENS IDIOTAS DO FACEBOOK

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Peço desculpas ao Paulo Egídio Lückman, que é o violinista da foto, e meu colega aqui na UEM, pois, claro, o problema não é com ele nem com sua imagem, mas com a mensagem que alguém inventou. 

Essa comparação estapafúrdia entre as três profissões é algo tão rasteiro que me dá até enjôo. A coisa é tão tendenciosa que primeiro fala-se dos profissionais (engenheiro e médico), e depois fala-se da área de atuação, ou melhor, do resultado final do trabalho: a música. Não seria o correto dizer: quantas pessoas você conhece que precisam de engenheiro, médico ou músico todos ou dias? Isso já mostra como a coisa é forçada. Aposto que todo mundo já precisou ir ao médico algumas vezes na vida, mas poucos (pensando na multidão) contrataram um músico alguma vez. Né? 

Se precisamos de música todo dia (o que já é discutível), então precisamos pensar nos produtos finais dos trabalhos dos engenheiros e médicos. Se pensarmos nas diversas engenharias que existem, fica até cômico pensarmos no quanto somos dependentes de produtos finais da engenharia de: carros, alimentos, roupas, computadores, química, eletricidade, sanitária, trânsito etc etc etc; se pensarmos só na engenharia civil, já basta sermos dependentes o tempo todo de alguma construção pra estar dentro, pra morar, trabalhar etc. Ou seja: o idiota cidadão que fez este quadro certamente o fez estando dentro de algum lugar, usando um computador, usando alguma roupa... e, portanto, precisou no mínimo de três produtos da engenharia. Se pensarmos nos produtos finais da medicina, a consulta e prescrição de medicamentos é só uma delas; consigo pensar também em cirurgia e pesquisas de naturezas diversas, que nos afetam mais do que imaginamos. E daí tem também a música, que quase toda hora ouvimos de alguma maneira, por vontade própria ou não. 

Mas eu, que sou músico, posso falar: há muitos dias em que não tenho vontade de ouvir música nenhuma. E aí? Mas não há um só dia em que eu não use um produto de alguma engenharia. E aí? É evidente que, pra mim, música é algo absolutamente vital, e penso que seja parte crucial da cultura pela qual lutamos, a tal cultura que queremos melhorar e tal. Mas faz sentido comparar a música com outras profissões pra valorizá-la? Que necessidade doentia de se impor, ou de impor sua profissão, desta maneira rasteira e de mal gosto! E que, pior, não faz o menor sentido. 

Isso tudo passou pela minha cabeça quando vi a foto e os dizeres, e precisei vir aqui dizer isso. É disso que o Facebook está saturado, de imagens e mensagens non sense e estúpidas, que as pessoas compartilham sem pensar e com o maior orgulho a cada segundo. 

23 de fevereiro de 2012

Terror?

Esses dias fui à locadora e deparei com isso:


Fui lá e avisei que o filme estava na prateleira errada, devia estar em "comédia".

Brincadeira, não falei nada. Mas é óbvio que está na prateleira errada. O conto da Chapeuzinho Vermelho é bem mais aterrorizante que esse filmeco...

21 de fevereiro de 2012

Manifesto Anti-Facebook


Não, não. Na verdade, não é "anti-Facebook", é "anti-Facebookers". O problema não é com o site em si, mas com as pessoas que têm uma idéia tosca sobre como usá-lo o usam mal. Mas como o site é de rede social, ele não existe por si mesmo, só existe a partir do que as pessoas fazem dele. Então, como elas transformaram o Facebook num lugar execrável e chato demais desinteressante, acaba que o manifesto fica contra ele mesmo, oras.



Primeiro veio aquela febre odiosa do Twitter, as pessoas postando o tempo todo (do celular inclusive) pensamentos e mais pensamentos, piadas, piadas internas, indiretas e tal. Esse formato me cansou muito rápido, postei quase nada lá, e depois de uns dois meses já não suportava entrar e ver as mesmas cretinices repetições de sempre. Mantive a minha conta só porque durante um tempo usava o site pra "vigiar" alunos, que não faziam as tarefas pedidas mas ficavam lá postando o dia todo. Minha conta ainda existe, mas não entro no site do passarinho azul deve fazer cerca de um ano.

Fizeram a maior propaganda pra eu usar meu Facebook, e acabei me animando. Fui entendendo como funcionava, passei a usar mais, depois de uns meses até propaganda dele eu fazia (teve gente que entrou nele por insistência minha). Pois é, pois é... ironia da vida. Passou mais tempo, e o site passou a ser cada vez mais invadido por babaquices, e a cada vez mais ser usado de maneiras irritantes. Faço uma listinha rápida das coisas mais chatas, na minha opinião:


  • Gente que usa o Face como Twitter, ou seja, enche o site com postagens do tipo "Ai, que fome!", "I'm at <tal lugar>", "Indo visitar fulano de tal...", "No banheiro do aeroporto...", "Acabei de lixar as unhas do pé..." etc. Alguém acha mesmo que os outros querem saber desses detalhes ultra-pessoais do seu interessantíssimo cotidiano???
  • Gente que usa o Face como painel de auto-propaganda, colocando fotos de lugares onde está e dizendo "Essa doceria é a melhor da Suíça!" ou "Olha que vista mais linda do quarto do meu hotel..." etc, numa necessidade desesperada que o mundo o veja e diga "Nossa, como essa pessoa é incrível, diferente, única, sortuda, fodástica" etc. E quando a pessoa tira foto da mesa de trabalho, com um monte de livros e anotações casualmente reunidos pra impressionar quem vir a foto, que certamente pensará... "Uaaaaau! Que pessoa mais inteligentíssima! Nossaaaaaa..."
  • Gente que compartilha absolutamente tudo que vê, e passa pra frente com comentários bem criativos e que acrescentam muito à imagem como "Essa foi boa!" ou "Huashuashuhashuhas". Daí abrimos o Face e vemos de cara pelo menos dez vez a mesma imagem, o mesmo vídeo da moda etc. 
  • Frases de efeito em figuras (pra chamar mais a atenção), ou aquelas frases irritantes, cuja conclusão fica em letras minúsculas obrigando você a clicar na imagem pra conseguir ler. Ai, ai... Tem também essa última modinha das profissões, "como eu vejo, como minha mãe vê, como meu papagaio vê, como realmente é..." Que saco chato!
  • Frases da Lispector, do Veríssimo e de Shakespeare a dar com pau em grande quantidade, sendo que boa parte delas são falsas, mal escritas, com erro de português... E lá vemos as mesmas frases o tempo todo, como se fossem grandes revelações cósmicas...
  • Os malditos Memes, aqueles mil bonequinhos e carinhas que são usados como comentários de imagens ou frases, ou em historinhas. Quando eles surgiram era até simpático, só que daí foram se multiplicando, surgiram vários outros e viraram praticamente uma segunda língua internáutica. É impossível passar os olhos pelo Face sem ver uns malditos memes irritantes...
Pode haver algo mais irritante
do que esse meme?
  • Perfis que se propõem a criar imagens engraçadas, ou com frases melosas, que as pessoas ficam curtindo e compartilhando o tempo todo, poluindo mais ainda os Faces alheios.
  • Gente que usa o Face como praça pública para pregação religiosa, citando passagens bíblicas, ou passando pra frente aquelas frases pedantes do tipo "Eu curto Jesus!"
  • Gente que usa o Face como palanque de discurso político, postando vídeos, imagens e frases contra tal partido, tal político, tal situação, infestando o Facebook de ideologia de terceira questionável.
  • Campanhas ardorosas contra o BBB feita por gente que assiste outros lixos televisivos tão grandes ou maiores, como novelas, futebol e programas dominicais.
  • Gente hipócrita, que adora fazer chantagem emocional como supostos defensores dos animais, que tratam melhor um cachorro do que uma criança de rua, mas que comem carne de boi, de porco etc.
  • Coisas que estão na moda de maneira geral. A última que anda me dando nos nervos são os vídeos da Adele, o tempo todo...Caramba!
Se existisse o botão "Foda-se!" "E eu com isso?" no Face já seria um avanço, mas imagino que as pessoas não usariam muito com medo de parecerem mal educadas. Mas que eu penso "E eu com isso?" pra quase tudo que vejo por lá, penso sim...

Pode-se dizer: mas por que você não bloqueia as pessoas que postam desse jeito? E eu respondo: dá na mesma bloquear (que seria a grande maioria) ou fechar a conta. Não fecho porque ainda é um canal de contato a mais, e de vez em quando falo com algumas pessoas por mensagens privadas. Mas agora simplesmente dou uma olhada no meu Face uma vez por dia pra ver se alguém me chamou, e só. 

Daí, conversando aqui com a Tâmara, cheguei à conclusão de que a coisa no Face não funciona porque tudo é feito em mensagens, sejam mensagens de fato, pensamentos, compartilhamentos e tudo mais. Juntando isso com a falta de bom senso do povo, temos esse site que tem uma proposta interessante mas que se tornou um lugar inabitável, ao menos pra mim.

Virou modinha também falar mal do Orkut, mas, na minha visão, ainda é a rede social que faz mais sentido. Você tem um lugar pra mandar recados, e você tem as comunidades específicas pra fazer o que você bem entender: pregação religiosa, pregação política, falar do seu time de futebol, falar das suas inimagináveis aventuras de viagens, dar lições de qualquer coisa pra mostrar como você é esperto etc. No face, fazem tudo isso ao mesmo tempo, no mesmo lugar e de forma muito descuidada. Daí vira aquele inferno.

Cheguei à conclusão, também, que a solução pra isso era cada um ter um blog pra encher com as próprias idéias, vídeos, imagens e tudo mais. Daí visitaríamos os blogs das pessoas que nos interessam, num ambiente muito mais pessoal, apropriado e personalizado. Mas tem um problema nisso tudo: as pessoas gostam de aparecer, gostam de mostrar sua grandeza, e um blog é algo oculto demais pra gente assim. Então ficam lá, entupindo o Facebook de pataquada. 

Quanto a mim, decidi: voltei pra esse blog, o reformulei, e agora ele é o lugar onde vou escrever o que eu quiser, o quanto quiser, sem poluir o Face dos outros, coisa que fiz durante um tempo, mas do que arrependo. E então quem quiser ler o que escrevo vem até aqui, e quem me achar um chato de galocha (e sei que sou), simplesmente não vem. Essa fórmula, pra mim, é genial!

Quem sabe um dia as pessoas aprendem a usar os recursos certos para os propósitos certos.

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